BISONHO
Luciano Nunes
Para a farra obsoleta desses dias
eu tenho duas pedras de neônio
Os versos furiosos dos antônios
que li em tempos cãs de rebeldia
No solo onde refiz minha alquimia
livrei-me de provérbios enfadonhos
À guisa dos espíritos bisonhos
que se explicam na própria acefalia
E assim o meu soneto anestesia
a veia turbulenta dos meus sonhos
Não pense em minha semiologia
tentando me encontrar no que componho
Nem mesmo sei qual profilaxia
estorva os versos sóbrios e tristonhos.
PASTICHE
Luciano Nunes
Se um soneto atravessou o tempo
E agora pousa leve em minha mão
As duas asas de exposição
São dois quartetos leves, em silêncio.
Não tenho tema são no pensamento
Sou um pastiche da contradição
A minha idéia não tem progressão
O meu soneto é todo pé de vento
Na elevação minh’alma é leviana
Petrarcamente metropolitana
Terço mais um terceto de asfalto.
Vai ser fechado com chave mundana
Enquanto bebo alguns goles de Brahma
E à Roma antiga faço um novo assalto.
MIL PÉS
Luciano Nunes
Em versos de mil pés aventureiros
Digito a vã loucura computada
Num zoom que ao findar vai dar em nada
Eu canto o meu infindo passageiro.
Queimei sinistras burras de dinheiro
Pois sempre quis o browse da estrada
Minha pena grafa assim conectada
A network, ó manos vanguardeiros.
Petrarca estou clonando, é divertido.
Em versos de mil pés de giga bytes
À farsa desse tempo achar motivo
Sobreviver fiel ao meu desastre
Por tudo ver-me verme vector vivo
Meus bytes editados nalgum site.
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